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Meu filho, meu sucessor

Meu filho, meu sucessor

Você provavelmente já deve ter ouvido esses ditados populares: “A fruta nunca cai longe do pé” ou “Filho de peixe peixinho é”. Para os filósofos clínicos, esses ditados populares e provérbios sem a vivência são chamamos de pré-juízos. Pré-juízos não são bons ou maus, a não ser, claro, quando eles nos cegam e criam o que chamamos de campo de sombra.

Hoje gostaria de falar sobre “filho de peixe peixinho é”. A história tem nos mostrado que nações que tiveram, ou têm, como regime a monarquia, principalmente no passado onde o rei ou a rainha eram os principais responsáveis pelas decisões do reino, no qual um grande rei era substituído pelo príncipe após sua morte, com raríssimas exceções o príncipe superava as ações de um grande Rei apenas por ter “sangue azul”.

Como disse, há exceções. Filipe da Macedônia foi sucedido por seu filho Alexandre Magno, no qual teve como professor nada menos que Aristóteles, um dos homens mais sábios da sua época e de todos os tempos.

Aplicando esta reflexão à empresa, proponho essas perguntas: Será que é preciso trabalhar na mesma empresa apenas por ser da família? Será que o filho do dono tem que ser o próximo presidente da companhia?

Já vi empresas se destruírem pelo fato de o pai querer fazer do seu primogênito o seu sucessor, sem levar em consideração que o filho não tinha vocação alguma para liderar e talento para empreender. Já vi empresário condenar, sim esta é a palavra, condenar seu filho a obedecer um script dirigido e escrito por ele sem levar em consideração a competência, vocação e a felicidade do filho. “Ele é meu filho e vai me suceder”. Aqui provavelmente trata-se de um campo de sombra, como citei acima.

Talvez uma das chaves desta questão que causa tanto trauma esteja aqui, no pronome possessivo, no “meu”, no “nosso”. Minha empresa, meu cargo, meu patrimônio, meu filho. Dizer que os filhos são nossos é o mesmo que o mar afirmar que o rio é de sua propriedade. No fluxo natural da vida, todo rio desagua no mar.

Eu sei que como pai queremos o bem de nossos filhos. Amamos tanto que às vezes atrapalhamos esse fluxo natural. Em alguns jovens, esse processo possessivo sufoca-os tanto a ponto de preferirem amigos cibernéticos a amizades com familiares ou até com colegas próximos de carne e osso. Khalil Gibran, filósofo libanês, diz que nossos filhos não são nossos, são sim filhos e filhas dos desejos que a vida tem de si mesma.

Proponho encerrar com mais algumas perguntas: Quem foram as pessoas que fizeram diferença na estruturação dos valores e da missão da sua empresa?  E será que essas pessoas que fizeram diferença podem ser chamadas de mãe, de pai, de irmão, de irmã? Quem são as pessoas que podem te suceder na empresa? Quem será teu sucessor ou sucessora? Estas questões finais me levam a lembrar do pensamento de minha saudosa mãe que dizia insistentemente que “para algumas famílias, o melhor parente é o vizinho”. Eu concluo que para algumas empresas, o melhor sucessor pode não ser o filho e sim um profissional melhor qualificado e, às vezes, que tenha tido bons professores fora, como no caso de Alexandre O Grande.

Lembrando que isso é assim para mim hoje.

Beto Colombo