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Ser ou não ser? Ou Parecer?

Ser ou não ser? Ou Parecer?

A famosa frase “ser ou não ser eis a questão” (no original “To be or not to be, that’s the question”) vem da peça “A Tragédia de Hamlet – Príncipe da Dinamarca”, de William Shakespeare.

A cena que sempre me vem à mente é Hamlet, o personagem principal, com uma caveira na mão questionando se vale a pena continuar vivendo e sofrendo ou tirar-lhe a própria vida.

No início do ato III, cena I, Hamlet declama: Ser ou não ser, eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias e combatendo-o, dar-lhe fim?

Shakespeare, ao escolher tal frase, “ser ou não ser eis a questão”, talvez ele não imaginava tantas interpretações dessa frase longe daquele contexto. Ela pode ser entendida como uma alegoria qualquer “faço isso ou não faço? E agora o que faço?”.

No quadro que era interpretado por Luiz Fernando Guimarães intitulado “O Super Sincero”, onde ele falava o que lhe vinha a mente, o personagem super sincero estava sendo ele mesmo e sofria as consequências. Você imaginou o mundo em que cada um dissesse o que realmente ele pensa sobre o outro?

O que você diria aquele político em que você votou para representar a sociedade e ele está representando apenas seus interesses? E aquele colunista que te caluniou? E a teu chefe, teu patrão, você pode dizer o que realmente pensa? A tua mãe, teu pai, teu vizinho, tua esposa, namorada, namorado...

Para viver em sociedade, em muitos momentos deixamos de “ser” para “aparentar”. Eis a questão: Ser politicamente correto ou não ser? Ser eu mesmo ou não ser eu mesmo? Às vezes, ou muitas vezes, somente representamos, seguimos um papel existencial longe da nossa essência, do nosso puro ser.

Yin e Yang do Taoísmo, a luz e a sombra, bem e mal, preto e branco, o feio e o belo, macho e fêmea, masculino e feminino, essa dualidade habita nosso ser e nos completa. Na filosofia tradicional chinesa yin e yang são a lua e o sol, um completando o outro, o dual da unicidade.

Também para a filosofia clínica, psicologia, psiquiatria, aprendemos que na mesma pessoa somos masculino e feminino, o verdadeiro e o mentiroso, corajoso e covarde, o belo e o feio, a luz e a sombra. Nas civilizações tradicionais falam da nossa constante luta interna, como no dizer do Xamã Cherokee que afirma que “dentro de nós há dois lobos brigando, um mau e outro bom”. Ao ser questionado qual deles ganha o confronto, o xamã responde: “aquele que eu mais alimentar”.

Na clínica, alguns casos são bem encaminhados quando o marido passa a dar mais valor no convívio com sua esposa, à luz que a sombra, o bem e não o mal, o belo e não o feio. Nas questões que unem e não as que separam.

Ser ou não ser? Ou só parecer? Na vida, estamos constantemente decidindo o que seremos no instante a seguir. E nossa sabedoria será nosso instrumento para tal decisão.

Beto Colombo